Acredito que esse post de hoje vai ajudar quem quer passar uma temporada em outro país, ou até mesmo na Austrália onde tive a minha experiência e quero dividir com vocês. Trabalhar com café é um trampo super agradável, que ajuda você colocar o inglês 100% em prática, que vai fazer você conhecer (na maioria das vezes) pessoas super agradáveis, além de ganhar um dinheirinho e ainda tenha um tempinho de sobra para estudar e passear.

Vamos contextualizar minha caminhada um pouco. Eu trabalhei 5 anos dentro do mundo publicitário, e você sabe o que move uma agência de publicidade? Criatividade? Dinheiro? Talentos? Nada disso, o que move o mercado publicitário todo é o famoso cafézinho. Não acredita? Pergunte ao seu amigo que vive nesse meio. Em cada etapa do meu crescimento profissional o cafézinho estava presente, e quando atingi um ponto que precisava de novos desafios, resolvi empreender. Adivinha o que tinha ao lado dos meus empreendimentos? Café!! Que era parada diária, destino certo das reuniões, bate papo, organização de planilhas… eu estava sempre acompanhado do cafézinho. Quando percebi, meu instagram estava lotado de fotos de todos os cafés que comecei a seguir ao redor do mundo.
Em 2016, com as vendas dos meus negócios, surgiu a oportunidade de voltar a estudar, fazer uma Master of Design na Austrália e consequentemente aprimorar o inglês. Abracei como um dos maiores desafios da minha vida, e bota desafio!! Tinha tanta coisa por trás dessa decisão que era uma pressão que você nem imagina. No fundo eu acreditava que com a minha experiência trabalhando com publicidade eu facilmente acharia um trampo na área. Dito e feito. Na minha primeira semana na Austrália eu já tinha um teste numa agência de Design. Não passei.
Sabe quando você está enferrujado, bloqueio criativo e tal, pois é. Eu travei e não passei no primeiro teste. No segundo, eu já fui melhorando mas não passei também. No terceiro, eu passei e era uma posição muito maior do que os outros dois – o que aconteceu? Eu não curti. Não quis mais… a empolgação que eu perdi quando sai do mercado anos atrás foi embora definitivamente. Foi quando eu decidi trabalhar com algo que eu nunca tinha feito antes do Brasil mas sempre havia consumido – o Café.
Hoje quando me perguntam qual curso eu fiz para aprender a trabalhar com café ou querem fazer um curso mas não têm dinheiro para investir, a minha resposta surpreende a todos. Eu comprei um curso no Groupon e paguei $18 australianos por um curso de 3 horas. O resto aprendi em um site não muito conhecido e pouco acessado, um tal de Youtube.



Então aqui vai uma lista de coisas que você precisa saber pra já chegar trabalhando com café no seu intercâmbio.
1) FALAR ERRADO É MAIS IMPORTANTE DO QUE NÃO FALAR.
Um recém nascido quando quer alguma coisa, ele dá um jeito pra passar a mensagem. Siga sempre essa lógica. Ter uma gramática perfeita e um inglês avançado é extremamente importante, mas se você tem medo de falar, não vai adiantar pra nada. Para trabalhar com café, você precisa ter o nível básico de inglês, mas não pode ter medo de falar – mesmo que fale errado. O meu primeiro gerente era um Húngaro, e sinceramente, ele não sabia muito a diferença entre o He, She e It, mas mesmo assim dava bronca em todo mundo. Então antes de trabalhar com café, é bom que você saiba pelo menos o básico, saber cumprimentar as pessoas, ser simpático e não ter medo nem vergonha de falar errado.

2) ENTENDER O QUE O CAFÉ SIGNIFICA PARA AQUELA CULTURA .
Parece meio confuso esse tópico, mas não é. Eu achei que o brasileiro era apaixonado por café, mas quando eu cheguei na Austrália, eu percebi que a gente não entende muita coisa não. Os Aussies – como são chamado os autralianos – são apaixonados por café a ponto de não frequentar um restaurante porque a marca de café favorita deles não é servida ali. Doido né? Eles ainda sabem dizer quando o leite não está bom, quando está mais quente do que deveria, quando queimou, quando o café está amargo ou mal regulado. Quer um parâmetro do quanto eles gostam e tomar café faz parte da rotina deles? Em um café local, muito afastado da cidade, eu fazia 400 cafés antes do meio dia todo dia. Então pra resumir, se quer ganhar bem e ser um barista de sucesso, encare o seu café com mais seriedade do que os seus clientes e eles vão te amar.
3) RECEITINHA BÁSICA DO ESPRESSO.
O café espresso é o mais consumido e base para todos os outros que citarei aqui embaixo. Lá fora, pelo menos na Austrália, o espresso é muito mais forte e encorpado do que você conhece aqui no Brasil. Até porque ele na maioria das vezes será diluído no leite. Cada marca de café tem sua receita ideal e você só vai descobrir quando realmente for trabalhar, mas tem um padrãozinho que você pode seguir e já vai contar muito ao seu favor. A receita básica é 23g de café e um tempo de extração entre 30 e 35 segundos, e que o café comece a cair na xícara lá pelo sétimo segundo. Em um grupo de extração duplo, essa medida dará duas doses de 30 a 40 mililitros de café, como na foto abaixo. Seguindo essa lógica, o seu chefe vai entender que você tem uma noção do que está fazendo.
Curiosidade: aqui no Brasil, a média que tenho encontrado é 17g de café para um tempo de extração de uns 15 segundos. O que comparando com outros lugares é muito, mas muito mais fraco.

4) O LEITE É TÃO (OU MAIS) IMPORTANTE.
Agora que você já sabe como tirar um espresso, é o leite que fará a diferença. Já que todas as opções usam o espresso e o leite vaporizado, o que diferencia um tipo de café do outro é o pour, ou seja, a forma que você despeja o leite no café. Tendo eles decorados já é meio caminho andado! Então presta atenção e anote tudo no seu caderninho (escrever ajuda na fixação).
- Leite: essa é a parte mais difícil e você precisará praticar bastante pra ficar craque, mas aqui vão algumas dicas:
- Primeiramente ele precisa estar sempre bem gelado;
- Coloque o leite dentro da jarra até ele alcançar o começo do bico da jarra na parte interna, exatamente como na foto abaixo;
- Centralize o vaporizador na jarra e jogue um pouco para o lado. A ideia é fazer o leite ficar girando;
- Abra o vaporizador e deixe ele apenas um centímetro mergulhado no leite por 5 segundos, você vai ouvir o barulho do ar agitando o leite. Depois de 5 segundos, mergulhe o vaporizador mais uns 4 centímetros no leite pra ele ficar aquecendo e girando. Esse processo deve ser silencioso, sem barulho alto.
- Suas mãos devem estar segurando a lateral e a parte de baixo da jarra. Quando você não conseguir mais segurar a parte de baixo por causa da temperatura, desligue o vaporizador.
- Leite pronto. Agora só fazer o pour.
Quando o leite é vaporizado, a gordura fica separada do próprio leite, deixando-o cremoso. Óbvio que essa é uma explicação bem superficial mas é mais ou menos assim que funciona. A parte mais cremosa fica em cima e o leite fica no fundo da leiteira. Então coloque na sua mente:
Pour alto e rápido: o leite cai na xícara.
Pour baixo e lento: o creme cai na xícara.
5) PRINCIPAIS RECEITAS
Todas as receitas abaixo tem como base uma dose de espresso.
- Latte: Dose de espresso, ⅔ de leite e ⅓ de creme;
- Capuccino: Dose de espresso, ⅓ de leite e ⅔ de creme;
- Flat White: Dose de espresso, 90% leite e 10% de creme;
- Piccolo: mini latte na xícara de espresso;
- Mocha: cappuccino mas com chocolate no leite;
- Long Black: espresso e a xícara cheia de água quente.
Quando o cliente quer o copo tamanho grande ou um tamanho normal porém forte, vão duas doses de espresso.

Dúvidas? Gente, é óbvio que eu tenho muuuuuito mais o que falar sobre café, intercâmbio, Austrália e etc. Siglas para os tipos de cafés, leites, técnicas pra acelerar o processo e fazer em grandes quantidades, enfim, muita coisa mesmo. Então vamos fazer assim? Façam perguntas e sugestões que vou fazendo matérias e posts com todas elas. É um assunto que eu amo e vou gostar demais de compartilhar com vocês. Até mais!!